domingo, julho 17, 2011

Te confesso em pesadelos e te permaneço. Você dizia que eu tinha esse ar engraçado, mas mesmo assim me olhava sedutor, peralta. Você tinha um beijo que me sussurrava sua própria loucura encurralada em meu amor enquanto eu permanecia neutra, muda, receptiva. Só gritava quando você decidia ligar o som no volume máximo, sempre teve essa coisa exibida, como se fosse necessidade fisiológica o fato de extravasar. E eu que vivi a vida inteira em calmaria, não queria aceitar sua audácia. Eu não queria aceitar essa sua mania bruta de me fazer tão pura. Eu te reclamava e você alisava meu cabelo, escutava e não prestava atenção em minhas palavras. Você era lindo de morrer e veio carregando a promessa de quebrar minhas dores, apesar de nunca ter me contado, mas eu li no canto dos seus lábios. Só que eu continuo sendo a peregrina medrosa. Eu continuo cansada enquanto você pula tão alto que quase já não te alcanço. Não sei ser esse vento todo e sou pesada demais para me deixar levar. Eu te permaneço em meu adeus, em seu nariz cheirando com força esse aspecto velho que minhas roupas, meu corpo e meu coração exalam. Eu te permaneço em cada aspecto estridente da sua gargalhada e te permaneço em lágrimas que escorrem dos olhos quando me encontro achando bonita toda essa euforia que sai dos seus braços. Eu te permaneço enquanto te digo para ser jovem, para escapar logo dessa solidez que me tomou. Você pode virar o que quiser agora, amor, vai logo, esse meu silêncio aqui não é pra você. (Zaluzejos)Que tu me sintas, que tu me percebas a zelar por teu pranto, que tu me vejas colhendo tuas infelicidades e arrancando tuas saudades. Eu não te quero só por amor. Eu te quero por acolher. Eu te quero para sarar tuas dores e te quero para libertar tuas agonias. Nem te quero por piedade. Eu te quero sem escolha, como quem nasce designado a uma missão, como quem costura e floresce aos poucos, como quem há de tirar vida de corações tão parecidos com o meu. Eu te quero por imensidão. Eu te aperto entre os dedos e agradeço entre mãos. Eu te guardo em minha colisão. Que tu me aceites e me entregues tuas feridas. Só sei curar ao teu lado, só sei nascer em teu peito. 
(Zaluzejos)

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