Vem comigo, amor,

deixa eu te contar que o infinito é do outro lado da rua e que o eterno já é daqui quatorze dias. Somos duas linhas traçadas no mesmo eixo que, paralelamente, nunca vão se encontrar nem em sonho. Eu trouxe o dia pra dentro de casa, mas esqueci que hora ou outra ele viraria noite e perderia o cheiro. O Poder dos Limites me mostra que formamos uma simetria perfeita; e digam que não ou que sim, na física só se tem Momento quando se tem distância; e a opção “Novo” sempre vem antes de “Salvar”, pois é mais fácil jogar tudo fora que consertar o malfeito. Eu sei que o começo já foi, mas você não. Sei que qualquer pessoa teria ido, mas a gente não. Sei que não há em lugar nenhum alguém que dê certo assim, mas a gente dá. Faz voltar a vida, fazer a barba, abrir a janela, lavar o rosto. Traz um pouco do amor que me levaram, e deixa aqui bem guardado pra eu abraçar nesses dias em que a falta de você é muito maior que a falta de luz. Olha pro relógio, amor. Não gosto das horas, eu sento no nosso lugar de sempre pra desejar um bom dia, mas elas nunca passam. E essa não é uma história triste, é apenas um musical sem final escrito. Vem comigo, deixa eu te contar que o infinito é do outro lado da rua e que o eterno já não é tão eterno assim. Eu vou cantar aqueles trechos desconectados, pois sei que farão todo o sentido. Eu faço tudo, eu viro nada, eu me refaço, eu re-digo, reescrevo as palavras; tudo pra você voltar. Tudo pra gente ser uma coisa só de novo.