quarta-feira, novembro 10, 2010

É estranho concluir numa noite de segunda,

marcada por episódios celebrados na confusão da mente, que sinto saudade de algo que ainda nem conheci. Sinto saudade do beijo que você não me deu, do abraço que esqueceu de me presentear. Tudo isso, durante tanto e tanto tempo, fez parte dos meus sonhos mais felizes, e também dos mais mórbidos. Fez parte dos meus pensamentos mais sinceros, e também dos momentos mais tristes. Eu lembrei de você, eu imaginei como se nossos lábios estivessem se tocando, como se nossos corpos balançassem em sintonia perfeita durante uma tarde de frio em dezembro. Contrariando até mesmo o calor típico do verão, contrariando o que não era pra ser, o que não precisava acontecer. Contrariando tudo. Seria como se nosso amor pudesse suprir qualquer idéia pré-existente. Seria como se nosso amor pudesse inventar um novo significado pra qualquer coisa. Pudesse fazer nosso próprio verão, criar nosso filme de época. Inventar seu próprio conceito. Eu também imaginei o seu sussurro meio mudo no canto do meu ouvido, as palavras débeis que escapavam de sua boca no silêncio da noite de um dia que deveria ser como outro qualquer. Mas não era. Não era, assim como o que eu costumava sentir por ti, não era, assim como a falta que eu sentia durante cada noite, dentro do calor dos lençóis, misturado pelo frio do meu corpo, implorando ser aquecido pelo seu. E você, durante esse tempo todo, sempre esteve tão perto. A uma carteira de distância, a uma loucura mal interpretada que marcava os meus ouvidos como o tic tac de um relógio meio morto. Eu imaginei seu sorriso meio torto, seu beijo acelerado e seu jeito estranho de andar. Te imaginei sempre ao meu lado, segurando minha mão. Foi muito bom pensar como se pudesse ser realidade, criar planos como se o sonho pudesse sair da imaginação. E como se o tal plano pudesse escapar do papel, criando na realidade vida cor de rosa e azul, só porque azul é sua cor preferida. Eu imaginei suas mãos tocando meu rosto, seus olhos se cruzando com os meus durante um pensamento indiscreto, que ultrapassaria a confusão dos pensamentos e escaparia pelo brilho dos olhos. E, mais do que tudo, imaginei seu rosto colado com o meu, numa dança muda durante uma tarde de um sábado qualquer. E a pergunta que não queria se calar, escapando pelos meus lábios tão incontidos: “Você me ama?” “Pra sempre.” Você me diria, dando uma piscada nada discreta. Eu sorriria, e pela primeira vez em muito tempo, acreditaria em suas palavras. Como num conto de fadas mal rascunhado, cinema mudo mal interpretado, sentimento que escapou do papel. Como nos meus sonhos. 

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